

Entenda o papel das estratégias ESG no mundo Tech
Especialistas de diversas áreas indicam a importância de práticas sustentáveis para a performance e o relacionamento com stakeholders
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A discussão sobre a incorporação de critérios ESG (Environmental, social and corporate governance) tem crescido nos negócios dos mais diversos setores do mercado mundial, incluindo as empresas de tecnologia. Em 2020, o tema ganhou grande relevância devido a iniciativas internacionais, como o Fórum Econômico Mundial que convocou as empresas a assumirem compromissos em direção de modelos mais sustentáveis e inclusivos.
Esse movimento se deve, principalmente, ao interesse crescente dos consumidores e investidores por empresas que sabem da importância de uma economia sustentável – que gera benefícios não só para o próprio negócios, mas para a sociedade em que está inserida.
Segundo a sócia Marina Procknor, da prática de Fundos de Investimento e Asset manegement, atualmente, “há diversos desafios, como aquecimento global e desigualdade econômica social, que impactam grande parcela da população e também as performances das empresas que não se ajustarem a questões de sustentabilidade”. Nesse sentido, investimentos em critérios ESG trazem novos valores essenciais às empresas. Políticas e procedimentos adotados pelas companhias refletem não apenas na cultura interna de inovação, mas também toda a cadeia produtiva, como gestão de resíduos e políticas de direitos humanos e de diversidade.
O cenário da pandemia da Covid-19 tornou essas questões ainda mais relevantes. Ao impactar a dinâmica dos negócios, ressaltou a importância de se manter a sustentabilidade corporativa, integrando temas de meio ambiente, social e governança aos indicadores empresariais para que estes tenham potencial de crescer e de agregar valor aos stakeholders.
O ambiente de tecnologia
O setor de tecnologia é um dos principais da economia global, e vem apresentando uma consciência das necessidades de se investir em ESG. O sócio Antonio Augusto Reis, da prática Ambiental, frisa que algumas empresas já têm apresentado iniciativas bastante positivas, como a meta de ser carbono neutro nos próximos anos, por meio do uso de energia renovável.
Entre as empresas que seguem compromissos ESG, percebe-se uma segurança de longo prazo, com menor volatilidade dos negócios. Além disso, o processo de transformação passa por inovação, que está diretamente ligada à tecnologia.
“Também é importante destacar como a tecnologia é importante para a maturação da cultura ESG. Seria muito difícil imaginar uma economia verdadeiramente sustentável sem tecnologia que permitisse, por exemplo, a migração dos negócios tradicionais para negócios pautados por ESG”, afirma o sócio. Assim, o setor de tecnologia ganha uma grande relevância. A sócia Lisa Worcman, da prática de Tecnologia, lembra que os entusiastas de tecnologia questionam se existe economia digital ou o tema estaria dissolvido na economia como um todo, considerando sua abrangência bastante considerável. Dado a relevância do mercado, é interessante observar que a tecnologia se torna uma peça-chave também para a prática de ESG, independentemente da área de atuação das companhias.
No entanto, mesmo as empresas digitais nativas encontram desafios ao implementar os critérios ESG, como o de mudar a cultura da empresa para encarar o tema como um investimento. “É uma jornada, em que se muda todo o processo de governança”, destaca a sócia Juliana Ramalho, da área de Organizações da Sociedade civil, Negócios sociais e Direitos Humanos. Além disso, principalmente na indústria tech, é preciso ter um olhar atento à rede de fornecedores para que cumpram as diretrizes ESG, como leis trabalhistas e modelos de governança. As políticas internas de compliance e antitrust também merecem atenção e, muito além de apenas serem definidas, precisam ser colocadas em prática.
Acompanhando as tendências do mercado, o escritório possui o grupo multidisciplinar Mattos Filho Tech, formado por especialistas em diversas áreas do Direito, inclusive da prática de ESG.