Brasil se prepara para participar da COP 26
Realizada em novembro de 2021, conferência será oportunidade para que país apresente medidas de ação climática
Em 21 de junho de 2021, foi realizada audiência pública no âmbito da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados (CREDN), com a finalidade de discutir a participação do Brasil na Conferência das Partes do Acordo de Paris (COP 26), que ocorrerá em Glasgow, na Escócia, em novembro deste ano. Na ocasião, a Frente Parlamentar Ambientalista do Congresso Nacional destacou o aumento das taxas de desmatamento e a desmobilização de políticas ambientais no Brasil, que atuam como obstáculos para o cumprimento de suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Os participantes também destacaram o potencial de impactos positivos à economia e ao desenvolvimento brasileiro decorrentes da regulamentação do artigo 6° do Acordo de Paris – que dispõe sobre os mecanismos de cooperação entre países e, dentre eles, mercados de créditos de carbono –, destacando, ainda, a necessidade de mudança de postura do governo brasileiro para “destravar” referida regulamentação. A representante do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, apontou a necessidade de que o Brasil mostre medidas concretas de ação climática, tanto no âmbito do artigo 6° quanto do desmatamento ilegal.
Projeto de lei para redução de emissão de gases
Ainda no âmbito da preparação brasileira para a COP 26, destaca-se o Projeto de Lei n. 1.539/2021, proposto em 27 de abril pela Senadora Kátia Abreu, que visa alterar a Política Nacional de Mudanças Climáticas para estabelecer nova meta de compromisso nacional voluntário, qual seja, a redução de 43% das emissões de gases de efeito estufa, comparada com os níveis de 2005, até 2025. Essa meta decorre da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) originalmente apresentada pelo Brasil à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) no âmbito do Acordo de Paris, mas antecipa em cinco anos o prazo para redução no percentual indicado.
O PL também prevê a regulamentação, por meio de decreto a ser publicado em até 120 dias após a publicação da lei, das ações e instrumentos para alcançar a meta, bem como para a eliminação do desmatamento ilegal até 2025, e propõe que referido compromisso seja depositado junto à UNFCCC. Dentre as justificativas apresentadas ao PL, destaca-se o argumento de que há, atualmente, resistência por países membros da União Europeia em ratificar o acordo comercial com o Mercosul em razão do “desempenho limitado do Brasil no campo ambiental“. É também apontada como justificativa do PL a necessidade de posicionamento brasileiro perante as exigências internacionais relacionadas à sustentabilidade, de forma que a declaração de novo compromisso nacional voluntário na COP do Acordo de Paris marcaria um ponto de inflexão na política ambiental brasileira.
Política externa
A preocupação com a questão climática é relevante para a política externa brasileira não apenas no escopo de discussões da UNFCCC. Em 9 de julho de 2021, foi realizada audiência pública no âmbito da CREDN para discutir a adesão do Brasil ao Programa Internacional de Ação sobre o Clima (IPAC), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que está aberto para adesão pelos seis candidatos ao ingresso na OCDE. Para o embaixador Sarquis José Buainain Sarquis, a adesão ao IPAC interessa ao Brasil, tendo em vista que o ingresso como membro pleno da Organização é uma prioridade para a política externa brasileira.
Para saber mais sobre a participação do Brasil na COP 26, conheça a prática de Direito ambiental e Mudanças climáticas do Mattos Filho
*Com colaboração de Anna Carolina Gandolfi, Danielly Pereira, Maria Eduarda Garambone e Mariana Diel.