Remuneração de executivos: o cenário de pandemia demanda que as empresas reavaliem seus modelos de incentivo
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Com a crise da Covid-19 instalada e se tornando cada dia mais imprevisível, pensar em remuneração de executivos chave neste momento pode parecer contraintuitivo. No entanto, as companhias precisarão reavaliar suas estruturas de incentivo de curto e longo prazo, já que a pandemia impactará significativamente os valores envolvidos nos modelos atualmente em vigor.
Diante de um cenário em que o valor dos incentivos de curto e longo prazo existentes está caindo drasticamente e a palavra de ordem nas companhias é “preservar o caixa”, é preciso reavaliar os incentivos existentes visando, de um lado, manter a atratividade e o elemento motivacional, mas de outro lado racionalizar o dispêndio de caixa pela companhia.
Essa tarefa não é fácil e exige uma análise detalhada, tanto do ponto de vista de Recursos Humanos como do ponto de vista jurídico. Não é raro nos depararmos com estruturas de incentivo que, muito embora conceitualmente possam parecer que atinjam o objetivo de retenção e compensação almejado, do ponto de vista jurídico são imperfeitos, trazem riscos e/ou são pouco eficientes.
Ativos que perderam valor não são incentivos à permanência de talentos. Ao lado disso, há despesas com os incentivos de longo prazo baseados em ações que impactam os resultados das empresas ao longo do período de maturação, que também precisam ser reavaliadas, em um novo cenário de negócios. Adaptar tais despesas é medida que igualmente preserva caixa.
Nesse sentido, cabe avaliar alternativas que possam poupar (ou adiar o dispêndio de) caixa da companhia. Um exemplo é a substituição de pagamentos em caixa por pagamentos em instrumentos patrimoniais (i.e. ações), ou mesmo a possibilidade de reinvestimento na companhia dos valores recebidos através de modelo de incentivo de longo prazo.
Da mesma forma, é preciso revisitar os modelos de incentivo de longo prazo baseados em ações.
Em planos de opções de compra, é possível que as ações estejam (ou possam ficar) under water (isto é, sem valor) e caberia à companhia avaliar alternativas para manter a atratividade do incentivo. Uma solução, neste caso, seria a concessão/alienação de novas opções ou mesmo criação de estruturas alternativas de incentivo baseadas em ações.
Em planos de entrega de ações, a aquisição das mesmas no mercado para manutenção em tesouraria pode significar impacto imediato de caixa, de modo que alternativas podem ser estudadas para mitigar esse efeito.
Pensar “fora da caixa” é, portanto, fundamental, já que não há uma solução única e aplicável a todas as companhias e a solução deverá ser customizada para cada caso específico.
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