Empresas anunciam recompra de ações na B3 como alternativa em meio à pandemia
Após queda de quase 40% no índice Ibovespa, movimento de recompra triplica em comparação ao mesmo período do ano passado, chegando a 26 empresas
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A recompra de ações na Bolsa de Valores pode ser uma alternativa para companhias com recursos em caixa, reservas de lucro ou capital e que acreditam no futuro do negócio, além de ser uma forma de muitas companhias compensarem parte das perdas que tiveram nas últimas semanas, em função das quedas consecutivas pela pandemia do coronavírus. Esta é a avaliação da sócia do escritório Mattos Filhos, Vanessa Fiusa, da prática de Mercado de Capitais.
A Ibovespa amargou queda de 40% no 1º trimestre de 2020 e registrou cinco circuit breakers numa única semana, logo que a Covid-19 chegou ao país. Agora, as empresas de capital aberto começam a ver na recompra de ações uma alternativa para minimizar as perdas. “Não há dúvida que comprar ações no mercado é um dos elementos que voltou para a cesta de opções e precisa ser analisado. Olhando hoje para esses ativos, eles podem representar uma oportunidade para várias companhias, já que chegam a valer, até 40% menos. Para quem acredita no potencial da companhia, tem recursos em caixa e reserva de lucro, pode ser um excelente investimento”, destaca Vanessa, lembrando que possuir reservas contábeis é um dos fatores exigidos para que a empresa possa recomprar suas ações no mercado financeiro.
A advogada conta que algumas companhias até demoraram para anunciar o movimento de recompra, embora tenham começado a discutir isso há algumas semanas, porque “estavam estudando os impactos do coronavírus, olhando pra dentro de casa e para o segmento que atuam”, revela.
A estratégia de recompra de ações na Bolsa de Valores pode se mostrar interessante dentro do cenário de crise mundial, em que as perspectivas de investimentos físicos, como expansão do negócio e instalação de novas fábricas, por exemplo, se mostram inviáveis pela situação de quarentena imposta em quase todas as regiões, por causa da expansão do coronavírus.
A sócia do Mattos Filho acredita que a estratégia de recompra deve crescer ainda mais, já que as empresas finalizaram a divulgação de seus balanços e fecharam seus exercícios de 2019 no final de março, constituindo suas reservas de lucro. “Todas as empresas que tiverem recursos de reserva estão no mínimo estudando essa possibilidade como uma alternativa que está posta na mesa para todos os administradores”, enfatiza Vanessa.
Sobre essa estratégia poder impactar a liquidez das empresas, Vanessa descarta essa possibilidade, até pelas regras legais e outras impostas pela B3 e pela CVM, que vão desde limitações para compras e de recursos que podem ser utilizados, `a quantidade de ações que podem ser retiradas do mercado e mantidas em tesouraria. “São diversos limitadores para evitar esse efeito colateral. A maioria das companhias são de novo mercado, são empresas que fizeram IPO nos últimos 10 anos. Elas têm a obrigação de manter 25% das ações em Free Float, não podendo cruzar essa linha”, finaliza a sócia.
Para mais informações, conheça a prática de Mercado de Capitais do Mattos Filho.