Investidores pressionam setor privado por medidas ambientais
Pressão mundial aumenta a exigência de avaliação e gerenciamento de riscos climáticos pelas autoridades financeiras
Na esteira do manifesto apresentado por 457 investidores às vésperas do encontro do G7, solicitando aos líderes mundiais políticas ambientais audaciosas, principalmente climáticas, um novo grupo de investidores internacionais enviou uma carta a 63 bancos globais, no último dia 06 de julho, exigindo que estes assumam medidas alinhadas com a biodiversidade e o clima. A ação dos 115 investidores, que em conjunto representam R$ 21,8 trilhões em aplicações, foi articulada pela ShareAction, organização que objetiva incentivar a incorporação dos critérios socioambientais ao sistema financeiro internacional.
No documento, os signatários, que incluem os grupos Aviva Investors, Fidelity International, Federated Hermes e M&G Investments, se comprometeram a estabelecer suas primeiras metas climáticas até o final de 2022, requerendo aos bancos que publiquem metas de curto prazo (5 a 10 anos) relacionadas ao clima até a reunião geral anual do setor em 2022. Em continuidade, espera-se que os bancos enviem respostas até o dia 15 de agosto, informando um panorama das ações que cada banco espera adotar para endereçar as questões destacadas, conforme requerido pelos investidores na carta.
Medidas para adoção do setor privado a pautas climáticas
Outras iniciativas foram assumidas nas últimas semanas visando a adoção pelo setor privado de medidas que avaliem e gerenciem os riscos climáticos em seus investimentos. Nos Estados Unidos, por exemplo, a secretária de tesouro Janet Yellen assinou recentemente uma ordem executiva que exige uma avaliação governamental dos riscos financeiros relacionados ao clima e possui, dentre suas finalidades, melhorar a tomada de decisão do sistema financeiro americano. Em entrevista coletiva, Yellen argumentou, ainda, que cabe aos bancos aumentarem suas ambições climáticas e incentivarem investimentos privados favoráveis ao clima.
No mesmo sentido, o Banco Mundial anunciou no dia 22 de junho um novo Plano de Ação para Mudanças Climáticas para o período de 2021 a 2025, que inclui entre seus objetivos aumentar o valor dedicado ao financiamento climático e aos projetos “verdes” em países em desenvolvimento, auxiliando os maiores emissores de gás carbônico a reduzirem seus índices e apoiando os países na adaptação às mudanças climáticas.
Para mais novidades sobre medidas ambientais para o setor privado, acesse as publicações da prática de Direito ambiental e Mudanças climáticas do Mattos Filho.
*Com colaboração de Anna Carolina Gandolfi, Danielly Pereira, Maria Eduarda Garambone e Mariana Diel.