Concessões de rodovias em tempos de pandemia
Calendário pode sofrer atraso, mas apetite de investidores continua forte
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Em meio à pandemia provocada pela Covid-19, o calendário de concessões rodoviárias, com seis leilões programados até o fim do ano, pode ter atrasos. No entanto, na avaliação dos sócios de Infraestrutura e Energia, André Luiz Freire e Marina Anselmo, os contratempos na agenda não vão afastar o apetite de investidores, que aguardam licitações importantes para o setor, como as rodovias do litoral de São Paulo e a Via Dutra.
Segundo Marina Anselmo, os investidores que já possuem intimidade com o setor permanecem com mesmo apetite. “O investidor local já conhece o setor. Em geral, ele se preocupa mais com a performance do ativo, com a liquidez”, complementa.
Marina também afirma que observa apenas uma certa cautela dos investidores estrangeiros, mas há interesse pelos ativos brasileiros. “O investidor de infraestrutura tem o perfil de longo prazo, então ele precisa ter uma visão mais profunda sobre a macroeconomia do país”.
Futuros certames
O sócio André Freire diz que o atraso no cronograma de concessão pode ser um sintoma da crise, mas o setor é propenso a se adaptar. “A tendência é que o próprio processo licitatório se autorregule diante do risco, uma espécie de calibragem de demanda”.
Para os sócios, ainda está em reflexão como será o “novo normal” para o setor daqui para frente. Marina Anselmo destaca que, em um primeiro momento, pode ser observado um autoajuste nos certames. “Dependendo da estrutura do leilão, como no caso das Parcerias Público Privadas (PPPs) com mitigação de riscos de demanda, os acertos são mais fáceis”, explica a sócia.
Mesmo com a pandemia, há alternativas para os processos que podem sofrer prorrogações. “O governo pode assumir a operação, temporariamente, mas isso se reflete em altos custos. Também pode acontecer da concessão ser delegada ao estado. Mas vejo que uma possibilidade mais factível seja a contratação emergencial pela própria concessionária vigente”, acrescenta André Freire.