Energia renovável: eólicas offshore podem atrair investimentos futuros ao Brasil
Com 8 mil quilômetros de costa, país é atrativo para implementação de parques eólicos em alto mar
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O mercado de energia eólica offshore, que produz energia elétrica a partir do movimento de turbinas fixas ou flutuantes em alto mar, pode atrair investidores no médio e longo prazos ao Brasil.
Um estudo de 2019, produzido pelo Energy Sector Management Assistance Program (ESMAP), aponta o Brasil como um dos países com maior potencial para a geração de energia via eólicas offshore.
As primeiras movimentações das empresas para implementação da tecnologia já vêm acontecendo, com a busca de licenciamento ambiental para a aprovação dos seus negócios no país. Segundo o sócio especialista em Infraestrutura e Energia, Nilton Mattos, grandes players do setor de Óleo e Gás estão vislumbrando oportunidades no segmento de energia eólica offshore. “Hoje, no Brasil, já temos em torno de nove projetos do setor em licenciamento”, conta o sócio.
Apesar do mercado de energia eólica offshore não ser tão consolidado quanto o de outras fontes energéticas, como Petróleo e Gás, o especialista considera que as características climáticas da região litorânea do Brasil podem impulsionar os investimentos.
“Identificamos, com os pedidos de licenciamento, três áreas principais: a região nordeste como um todo, principalmente o estado do Ceará, e os estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul”, complementa Mattos.
O sócio aponta também que as infraestruturas de Óleo e Gás já existentes no mar desses estados, aumentam o potencial das regiões. “Há plataformas e outras estruturas de
offshore que podem servir de apoio para os empreendimentos do mercado de eólica em alto mar, reduzindo os custos das instalações, que ainda assim são bastante caros”.
Atualmente, está em tramitação na Câmara dos Deputados o
Projeto de Lei 11247/2018, que tem como objetivo promover o desenvolvimento da geração de energia elétrica a partir de fonte eólica localizada no mar. Mas, segundo o especialista, o avanço do PL não é estritamente necessário para o desenvolvimento do mercado de eólica offshore no país. “Há normativos da Aneel, do Ibama e da Marinha que já preveem algum tipo de construção offshore e venda de energia eólica. Ajustando a regulação infra-legal os projetos podem acontecer”, esclarece Nilton Mattos.
Experiência do mercado europeu
Segundo o
relatório da Global Wind Energy Council (Conselho Global de Energia Eólica), de 2018, o mercado de eólica offshore mundial já havia acumulado uma capacidade de geração de energia de 23 GW (gigawatts). A Europa ainda é responsável pelos maiores parques eólicos em alto mar, principalmente por conta dos mercados no Reino Unido e na Alemanha, que, juntos, equivalem a 62% da geração de energia eólica offshore mundial.
O sócio Rodrigo Ferreira Figueiredo, de Direito Societário e responsável pelo escritório de Londres, explica que na Europa se concentra a maior parte dos players da indústria que fornecem a infraestrutura necessária aos parques eólicos offshore. “Os líderes dessa indústria são europeus e muitos deles já investem no mercado brasileiro de eólica onshore”.
Figueiredo ressalta que os principais players da indústria eólica, ou mesmo de outras formas de energia, tendem a ter bom apetite para investimentos no país, especialmente aqueles que já conhecem o mercado brasileiro e as singularidades do país. Outros grupos que ainda não tem presença no Brasil também tem mostrado interesse (embora tendam a tomar mais tempo para entender o país e suas peculiaridades).
Apesar do sentimento de precaução dos investidores estrangeiros, na avaliação do especialista, os negócios sustentáveis são os mais atraentes. “A energia renovável, em geral, é um dos grandes motores do investimento europeu no Brasil. É uma área que vem movimentando muito interesse dos players nos últimos anos”, considera.
O mercado de eólicas offshore representa uma grande oportunidade para o fomento de iniciativas sustentáveis, em alta nos modelos de negócio atuais. A fonte energética renovável pode ser mais uma alternativa para que o Brasil alcance as metas determinadas no Acordo de Paris, na qual há o compromisso em aumentar, na sua matriz energética, a participação de bioenergia sustentável em aproximadamente 18% até 2030.
Para mais informações, conheça a prática de Infraestrutura e Energia do Mattos Filho.