Empresa inclusiva deve ter mais lucro
Da redação
Nas próximas duas décadas, as empresas
com poder de gerar valor social, capazes
de incorporar a igualdade e mais
inclusivas, serão as Empresa inclusiva deve ter mais lucromaiores e, portanto,
mais lucrativas. Esta mensagem foi
comum aos discursos do professor
Muhammad Yunus, indiano laureado
com o Prêmio Nobel da Paz em 2006, e
Nadine Gasman, representante da ONU
Mulheres Brasil, no evento Beyond The
Games Global Summit, realizado em 4 de
agosto pela Casa Rio, um dia antes da abertura dos Jogos.
Autor de livros como "Um mundo sem pobreza", o indiano Yunus, conhecido
internacionalmente por suas iniciativas em negócios sociais, afirmou não ser
contra o lucro. Mas ele ressaltou que o problema é o pensamento de reter o
lucro, em vez de fazêlo circular para resolver problemas sociais. Na visão do
professor, o ser humano nasceu para empreender e tem uma capacidade
extraordinária de buscar soluções.
Fundador do Grameen Bank, que empresta dinheiro (microcrédito) para
pessoas que não teriam acesso a capital em bancos comerciais convencionais,
Yunus está à frente da Yunus Social Business, uma organização global,
presente em oito países, inclusive Brasil.
Fundado há três anos, o Yunus Negócios Sociais Brasil desenvolve
atualmente projetos com cinco empresas e presta consultoria para outras
três. Rogério Oliveira, parceiro do professor Yunus no Brasil, diz que os
projetos de negócios sociais estão em curso na Ambev, na Cosan, no Bank of
America, na Randstad e no Mattos Filho Advogados.
"O trabalho da aceleradora, em curso nessas cinco organizações, ajuda a
desenvolver uma nova empresa que funcionará como negócio social, com a
meta de resolver algum problema no país. Entendemos o que cada empresa
faz muito bem, o que está no seu core e, a partir daí, podemos mapear
problemas sociais que ela poderá resolver", explicou Oliveira.
O programa de consultoria não está relacionado necessariamente a negócios
sociais. A Yunus Negócios Sociais Brasil também atua no segmento de
educação, a exemplo da Yunus Social Business. Oliveira contou ao Valor que
a Yunus Negócios Sociais apoia mais de 20 universidades no Brasil a criar
cursos com matérias relacionadas ao empreendedorismo social.
"Muitas dessas universidades, como FGV, ESPM e FEA, têm aceleradoras,
que capacitamos para fazer mentoria de negócios sociais. Estamos iniciando
um trabalho também na educação fundamental, aqui o objetivo do diálogo
com escolas não é ensinar o negócio social, mas transmitir uma outra lógica
de negócios, em que todos ganham", completou.
Ainda sob a temática da inclusão, Nadine Gasman alertou que reduzir a
desigualdade de gênero pode acrescentar US$ 12 trilhões ao PIB mundial em
2025 ou até US$ 28 trilhões em um cenário mais otimista, segundo uma
pesquisa divulgada em maio pela Mckinsey Women Matters.
"Mulheres tomam decisões sobre o que comprar. Então, se as empresas
excluem as mulheres, estão perdendo metade do mercado e da capacidade
criativa. Números da Mckinsey provam que empresas mais diversas são mais
inovadoras", afirmou.
inovadoras", afirmou.
Segundo Nadine, a meta da ONU Mulheres é atingir a igualdade no mercado
de trabalho em 2030. No entanto, números ainda preocupam. Ela destacou
que, globalmente, mulheres dedicam mais que o dobro do tempo a trabalhos
domésticos e não remunerados do que os homens.
"Nos países da América Latina e Caribe que dispõem de medições do uso de
tempo, as mulheres destinam entre duas a cinco vezes mais tempo a esses
trabalhos. No Brasil, chegase a quatro vezes mais que o tempo dedicado por
homens", completou.
A convite do Comitê Olímpico Internacional (COI), a subsecretáriageral das
Nações Unidas e diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile MlamboNgcuka,
participa dos Jogos Olímpicos Rio 2016 em apoio ao
empoderamento das mulheres e meninas pelo esporte.